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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dificuldades de ser mãe hoje


Ser Mãe hoje não é nada fácil, pois vivemos um momento histórico caracterizado pela fragilidade dos laços sociais, pelo desengajamento em ações coletivas e pelo aumento da velocidade das comunicações que produz isolamento.
Para as mulheres no ciclo gravídico-puerperal, este isolamento pode ser ainda maior, devido às intensas mudanças na condição da mulher nas últimas décadas. A ampliação dos métodos contraceptivos permitiu uma vida sexual menos atribulada por uma gravidez indesejada, possibilitando que o momento da gravidez seja percebido como uma escolha especifica. Com a entrada no mercado de trabalho, surgiram novas maneiras de realização da feminilidade que não apenas a maternidade. Por outro lado, ocorreu uma grande cientificização da maternidade. O parto que até a metade do século passado fazia parte do cotidiano das famílias, sendo realizado em casa num ambiente conhecido com ajuda de parteiras, passa a ser um ato médico e ocorrer no hospital, ambiente pouco familiar e acolhedor.
O aleitamento e os cuidados com bebês que as mulheres aprendiam em casa com suas mães e tias, no convívio com a família estendida passam a ser informações técnicas, a serem adquiridas em livros ou com especialistas. Assim, somando-se todas essas mudanças, muitas mulheres consideram-se pouco aptas para desempenhar a função materna. Não é raro nos depararmos com mulheres que contam que seu bebê é o primeiro que vão carregar...
Observamos que na gravidez e principalmente depois do parto, a existência de uma rede social que dê sustentação para a futura mãe e seu bebê é muito importante, pois o ciclo gravídico–puerperal redimensiona as relações da mulher com todas as pessoas de confiança. Em situações, onde a mulher não dispõe de alguém com quem partilhar suas emoções e suas reflexões sobre as crises que atravessa, a gestação e o puerpério serão vividos com mais sofrimentos.
A chegada de um bebê é um evento que afeta consideravelmente não só os pais, mas todo o entorno social, pois o bebê, pelo seu desamparo constitucional é totalmente dependente e necessita de cuidados intensos, que mobilizam “sentimentos ligados à capacidade do cuidar incondicional”. Há ainda implicações transgeracionais - passagem do lugar de filha para mãe. A rotina da casa e das pessoas que a freqüentam é bastante modificada. São transformações significativas que, muitas vezes, expõem a fragilidade da rede social pessoal.
Consideramos que em situações onde a falha na rede original acontece, é necessário criar uma rede substituta profissional visando restaurar os laços de sustentação, pois este é um período onde estamos diante de um novo ser e da constituição de seu psiquismo. A intervenção possui certa urgência no sentido de minimizar possíveis comprometimentos do psiquismo do bebê que ainda é insipiente.
Roberta Kehdy

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